Retorno (Abril/2024)

No final de um dia, estou na varanda de um hospital, localizado em uma avenida movimentada da cidade. Observo as pessoas neste final de um dia de trabalho. A maioria está com pressa, ansiosa para chegar em casa.

Tudo de bom! Paz, um bom banho morno que acalma e relaxa, uma refeição leve que satisfaz o corpo e aquece a alma e, principalmente, o aconchego da família, a primeira célula social do ser humano.

Gratidão! Penso eu. Mas será?

Então, lembro-me daqueles que estão internados aqui por problemas de saúde, sem poderem ir a lugar algum, despedindo-se de quem os acompanhou durante o dia. Tristeza para eles, satisfação para quem vai para casa encontrar descanso com o sentimento do dever cumprido, não por obrigação, mas pela satisfação de ter sido solidário com o próximo. Certamente, alguém de seu convívio familiar ou social.

Volto para a varanda e vejo um homem que caminha lentamente com uma mochila nas costas. Certamente não está indo a lugar nenhum, parece ser alguém em situação de rua. Deve ser difícil viver assim! Não ter um lugar para onde voltar!

Este não pode ser o desejo de Deus para a criatura que é feita à sua imagem e semelhança. Ninguém nasceu para experimentar desamparo, indiferença, conformismo, sofrimento e invisibilidade por parte da sociedade humana, da qual faço parte. Penso, então, em toda a tecnologia, todos os avanços em tantas áreas… Para onde vai o homem errante? Para onde caminha a humanidade com tanta desigualdade social? E continuo na varanda da minha alma, refletindo sobre o significado do apelo da Amizade Social.

Ivani Gripp, Antiga coordenadora de Formação Cristã do Colégio Anchieta