Na obra “A República”, o filósofo grego Platão idealiza uma cidade livre de desordens e problemas em que o povo trabalha em conjunto para superar todos os obstáculos. Fora da ilustre produção literária, com ênfase na sociedade brasileira moderna, percebe-se o oposto dos ideais de Platão, visto que a importância da paternidade ativa para as famílias brasileiras representa um obstáculo de grande proporção. Assim, é notório que este cenário antagônico é fruto tanto do abandono paterno quanto da dissolução de uniões estáveis.
Em primeira análise é imperioso analisar o abandono paterno como um dos principais agentes causadores do baixo índice de paternidade ativa no Brasil. Segundo o poeta chileno Pablo Nerudo, o homem é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro de suas consequências. Como resultante do afastamento paterno, o desenvolvimento da criança é afetado, tanto socialmente quanto financeiramente, visto que, muitas vezes, por falta de suporte financeiro por parte do genitor, a mãe cria e sustenta seus filhos sozinha. Dessa forma, fica evidente a importância da presença do pai na vida dos filhos e as consequências do abandono paterno.
Outrossim, é crucial explorar o efeito da dissolução de uniões estáveis como outro agente influenciador do revés. Diante desse pressuposto, percebe-se que, quando a mãe fica exclusivamente com a guarda dos filhos, a relação com o pai se torna mais distante, causando consequências invariantes, como perda de autoestima, dificuldade de construir novos vínculos, tristeza e sensibilidade. Destarte tudo isso, retarda a resolução do empecilho, já que a dissolução de uniões estáveis contribui para a perpetuação desse cenário caótico.
Infere-se, portanto, que é imprescindível a mitigação dos desafios para combater a inatividade paterna das famílias brasileiras. Assim, o ministério da Justiça deve criar, mediante verbas governamentais, campanhas de conscientização e orientação sobre o tema, bem como de esclarecimento sobre a importância da paternidade, a fim de garantir a contribuição financeira dos pais na vida dos filhos. Com essa ação, a sociedade brasileira poderá chegar perto das convicções platônicas e, além disso, alcançar o bem-estar social.
Por Lara Soares de Faria, Aluna do 9º ano
