Na perspectiva ibérica, desde sua gênese, a América foi pensada como uma colônia de exploração, na qual a educação era explicitamente desestimulada e até proibida. É dentro desse contexto, então, que a sociedade brasileira é criada e possui como uma de suas características modernas o afastamento de indivíduos de baixo poder aquisitivo dos grandes centros urbanos. Sobre essa ótica, faz-se imprescindível a compreensão da importância da educação e do incentivo, por parte do Governo, à alfabetização na sociedade brasileira hodierna.
Em primeira análise, é relevante abordar que a educação é um direito fundamental dos indivíduos, não apenas para viverem em sociedade, mas para entenderem a realidade em que estão inseridos. Diante disso, na obra modernista de Graciliano Ramos “Vidas Secas”, é retratado o ponto de vista e a vida de Fabiano, um homem bruto, analfabeto e nordestino, que sofria com a privação da educação. Fabiano, assim como quase 12 milhões de brasileiros, possui sua vida limitada devido ao analfabetismo e seus direitos negados. Sendo assim, é importante que, primeiramente, o Estado reconheça a relevância de uma boa educação básica e a existência, sim, de cidadãos que carecem dela.
Ademais, é indispensável ter em mente que uma sociedade sem educação se torna retrógrada e arcaica, visto que o ensino é o principal caminho para se atingir a prosperidade e as mudanças de um país. Em consonância, em sua proposta “Educação é libertadora”, Paulo Freire – patrono da educação brasileira – defende a ideia de que o ensino também é capaz de estimular a reflexão e, dessa forma, libertar o indivíduo da situação a que está sujeito. Outrossim, em sua obra “Pedagogia da Autonomia”, Freire também defende que o Governo e seus apoiadores devem incentivar o ensino de seus cidadãos. Logo, é extremamente necessário que o analfabetismo – educação no geral – seja incentivado e, principalmente, garantido pelo Estado.
Portanto, depreende-se que o Ministério da Educação, com o intuito de tornar os cidadãos mais conscientes das problemáticas do próprio país, deve promover palestras e debates acerca do analfabetismo no Brasil. Além disso, o Governo Federal, por meio do poder Executivo, deve fiscalizar e garantir que a educação esteja chegando às camadas mais pobres da sociedade brasileira e, para isso, também sejam construídas escolas de ensino básico nessas localidades. Somente assim, a perspectiva ibérica no Brasil poderá ser desconstruída e vidas como a de Fabiano não serão mais realidades nessa nação.
Por Lívia Vasconcellos Erthal, aluna da 3ª série do Ensino Médio.
