A ludicidade e suas implicações na Educação Bilíngue (Setembro/2023)
A educação bilíngue é um cenário cada vez mais presente, e urgente, para a formação global dos alunos. No entanto, muitos desafios surgem com essa proposta. Trabalhar uma língua adicional no contexto de educação bilíngue é romper com o pensamento de que o professor estará ensinando uma outra língua, quando, na verdade, ele faz uso da língua para abordar os diversos conteúdos previstos em cada etapa escolar, recorrendo, então, à interdisciplinaridade e ludicidade para engajar ainda mais o aluno no seu processo de ensino-aprendizagem.
Assim como na língua de origem, a língua adicional também desenvolve as quatro habilidades linguísticas: ler, escrever, ouvir e falar – em inglês, são chamados, respectivamente, de reading, writing, listening e speaking. E, como dito anteriormente, há grandes desafios ao explorar essas four skills no dia a dia de uma sala de aula bilíngue, por isso, a ludicidade é uma ferramenta imprescindível para uma comunicação efetiva e dinâmica. Tendo em vista que ela aproxima o aluno e o conhecimento com intencionalidade, ocorrendo de forma processual, inovadora e atraente. Dessa forma, a lacuna entre o conhecido e o desconhecido na segunda língua fica cada vez menor, e informações significativas são também inseridas na língua materna. Logo, ao pensarmos no fazer pedagógico lúdico devemos optar por recursos que estimulem tais habilidades em nossos alunos, sejam eles recursos sensoriais, visuais e/ou sonoros.
Outro fator aliado a essa integração dos saberes e o lúdico é o trabalho em grupo. Organizar a sala de aula e dispor os alunos em grupos faz com que eles se concentrem e se comprometam com mais facilidade mediante as atividades propostas, além disso, eles estarão compartilhando suas próprias vivências e opiniões acerca do tema. Consequentemente, reforçando suas habilidades comunicativas no meio coletivo, com uma participação colaborativa e construtiva.
“Experimentar emoções positivas amplia a consciência dos indivíduos. Por sua vez, considera-se que isso permite temporariamente que eles absorvam mais do seu ambiente, bem como construam recursos pessoais cognitivos, psicológicos, sociais e físicos duradouros. Experimentar emoções negativas, em contraste, estreita as perspectivas dos indivíduos, concentrando-se excessivamente no negativo para evitar estressores ou problemas. Assim, as experiências de emoções positivas são entendidas para prever e cultivar o crescimento dos recursos pessoais, permitindo que os indivíduos lidem com a vida e suas dificuldades com mais sucesso. ”
(Fredrickson’s broaden-and-build theory 2004, 2013)
O educador ao propor alguma tarefa lúdica ao educando deve estar ciente de que o seu papel é de mediador, o principal foco da atividade deve estar concentrado na atuação do aluno mediante a situação estabelecida naquele momento. Incentiva-lo a utilizar todos os seus recursos linguísticos, em LA e LO, para a realização das tarefas de forma autônoma e ativa, afirmando que não há um caminho certo ou errado para atingir o objetivo principal, mas, sim,
uma intencionalidade e naturalidade no processo. Fortalecendo uma consciência criativa e positiva na formação de cada indivíduo.
Portanto, o aprender brincando sempre dará espaço para uma construção positiva na formação integral de cada educando, nesse sentido, é possível estreitar o laço entre conhecimento, comunicação e experiências. O bilinguismo é uma experiência real através de situações reais no cotidiano escolar e o brincar é um dos caminhos mais efetivo e divertido para vencer todas as barreiras linguísticas.
Por Maria Lila Guimarães Piedade Pessanha, Professor de Língua Adicional