A sede do cotidiano (Fevereiro/2023)
Na letra desta música de Gilberto Gil, podemos olhar com a ótica da relação que temos com nossa Mãe Terra. Recebemos dela a água que nos é dada, que é dom de Deus e, em contrapartida, a Terra nos pede cuidado, carinho e amor para preservar toda essa criação.
Cristo se utiliza da água em períodos importantíssimos de sua vida na terra, quando lava os pés dos discípulos ou quando transforma a água em vinho nas bodas de Caná da Galileia ou até mesmo no auge de sua paixão, quando diz ao soldado romano “Tenho sede”, demonstrando toda a humanidade do Homem-Deus.
A água é elemento sagrado, que vem de Deus, por isso toda água é benta, toda água é sagrada. E como estamos tratando essa água sagrada no nosso dia a dia?
Do que temos sede?
Olhar a criação com os olhos de Deus é também uma forma de oração e devemos fazê-la diariamente. Não devemos observar somente com o olhar de preservação, mas também com o olhar de justiça, ora, se o acesso à água potável é vital ao ser humano, por que 1 a cada 3 habitantes do planeta não tem acesso a esse bem? Por que a água está virando mercadoria, dificultando ainda mais o acesso aos mais pobres?
Nós, seres humanos, crescemos pensando que somos proprietários do planeta Terra e temos o direito de saqueá-la violentamente provocando doenças no solo, na água e no ar.
“Meu coração só pede o teu amor
Se não me deres posso até morrer”
Atualmente 12% das reservas de água do planeta estão no nosso país e cada vez mais o ser humano vem deixando de lado a preservação desse elemento pela falsa impressão de abundância do recurso.
Na experiência espiritual nos é pedido que que mergulhemos nessa água de vida, que é clara e limpa, e que onde essa água estiver turva pela maldade ou pelo silêncio, sejamos elementos para purificação dessa água e busquemos viver em plena comunhão com toda a criação. Para isso, se faz necessário mergulhar em águas desconhecidas e se utilizar de toda nossa força de vontade, criatividade e toda bondade presente para nós sentirmos protagonistas de novos tempos. É dessa consciência que brota nosso serviço ao Senhor e é para Ele que tudo volta e é Ele que nos sustenta.
Diante disso, tenho tratado a água como bem sagrado dado por Deus?
Tenho olhado com naturalidade para o que é feito a favor da degradação do nosso planeta?
Qual papel devo assumir na luta pela justiça dos mais necessitados?
Por Juan Tardin, ex-agente de pastoral do Colégio Anchieta