A tecnologia está mudando o mundo e as relações, o futuro desconhecido já chegou! (Novembro/2023)

É tempo de conectar, e para isso começamos com a conexão vinculada ao Projeto Curricular do Colégio Anchieta de tema: Pensamento Computacional e Cultura Digital. Provocando ainda mais conexões, no texto que se segue, abordaremos também o tema do Projeto Sentido Magis que fala sobre nossa forma de ser e estar no mundo.  

Ser e estar no mundo está vinculado, atualmente, de forma intensa e efetiva, a estar conectado em rede. Muito se fala em tecnologias, conexões e atualizações e chegou a hora de nos debruçarmos nas implicações psíquicas associadas ao tema. Afinal, a era digital modifica nossas vivências cotidianas? Ela nos aproxima ou distância das pessoas que amamos? Que relação estabelecemos entre o mundo real e digital? Precisamos refletir a respeito. 

Por mais que os momentos de PAUSA tecnológicas se tornem essenciais para a saúde física e mental, não há como fugir disso por muito tempo. Sendo assim, conceituar e estabelecer parâmetros saudáveis ao seu uso são parte fundamental do nosso processo de formação pessoal. 

Há alguns anos, falava-se em uso problemático associado à quantidade de tempo gasto on-line. Atualmente, a distinção entre tempo essencial e tempo não essencial tem possibilitado uma análise mais acertada sobre a educação para o uso da internet. Especialmente no período de pandemia, percebemos um aumento significativo do tempo essencial, dedicado aos estudos, trabalho, comparado ao que se tinha anteriormente. O tempo não essencial é aquele em que o indivíduo poderia estar envolvido em outras atividades como brincadeiras, interações sociais, esportes, mas ainda assim permanece conectado. O mais característico do uso problemático caracteriza-se pelo excesso do tempo não essencial gasto on-line. Dependentes de internet criam necessidades para retornar ao computador quando estão off-line e o uso do computador impacta significativamente seu tempo e seus pensamentos. 

Pensar inteligência digital vai muito além de falar de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), tem sido objeto de estudo pelo mundo e faz parte de uma formação pessoal importante para crianças, jovens e adultos, pois, em alguma instância, estamos todos inseridos em tal realidade, rodeados de informações e conexões pessoais através delas. 

O mundo físico necessita do exercício da cidadania, compreensão e responsabilidade para o cuidado com as relações interpessoais, e, no universo digital, não é diferente. As ferramentas tecnológicas são dotadas de imediatismo, acessibilidade e intuição que podem ser extremamente atraentes, mas também perigosas pela ideia de poder, pela vulnerabilidade e exposição de seus usuários.  

Além disso, é possível perceber, sobretudo entre crianças e adolescentes, uma significativa influência das experiências tecnológicas na modulação da personalidade e na construção de pontes para novos progressos em relação à educação, ao trabalho e ao desenvolvimento pessoal.  

Normas de comportamento em redes sociais, exposição excessiva, utilização da internet de forma segura e saudável, adequação da ferramenta para busca, conhecimento e criatividade, maturação emocional diante do que é recebido, entre outros, são pontos de atenção e reflexão nesse universo novo e cheio de nuances. 

A urgência em pensar sobre como tais interações interferem em nosso modelo mental e bem-estar social e de que forma os estímulos digitais influenciam a essência humana tem relação direta com a Inteligência Emocional Digital e suas vertentes.  

A capacidade em lidar com as emoções, resolução de conflitos, consciência pessoal e coletiva, desenvolvimento da criatividade, senso crítico e empatia diante do universo digital são habilidades que apenas sujeitos pensantes são capazes de exercer, daí a importância da ampliação de consciência para um uso mais saudável das tecnologias. 

Sendo assim, nós, enquanto comunidade educativa e de formação, unidos às famílias, sociedade e Rede, temos como responsabilidade social fazer parte desse processo de amadurecimento, reflexão e busca por conhecimento, para que seja possível, a cada clique, transformar para melhor nossa realidade individual e social.  

Por Karen Castro e Helena Jacone, psicólogas e orientadoras educacionais.