Estamos nos preparando para um tempo forte. Um tempo de espera, de expectativa, de esperançar. O advento é um tempo de preparação para o Natal, tempo em que o Senhor vem habitar em nosso meio, se fazendo Deus-conosco, Deus entre nós, Um como nós. Mas, é também tempo do ‘já’ e do ‘ainda não’; já, pois que inaugura um tempo sagrado, onde o Mistério Fundante vem ao nosso encontro e que, nascendo entre nós e como cada um de nós , nos projetando, através do encontro com o irmão (sobretudo daquele mais necessitado do amor e da misericórdia!), a uma profunda experiência consigo ‘in hilo tempore’, no tempo fundante e com o próximo in tempus fugite, na ordinariedade do tempo que passa; e no ‘ainda não’, visto que nos impele a um mistério maior que o próprio tempo, o kairós, a Parusia, tempo em que Deus nos convocará a fazer-nos presentes em Sua Presença, que anima e sustenta todos os seres.
E, é em função deste tempo forte que devemos nos perguntar como temos nos preparado para vivenciar o nascimento do Menino Deus em nossa vida, e em nossa história. Temos, de fato, feito de nosso coração uma verdadeira manjedoura, acolhendo Jesus presente nos mais necessitados? Nossa vida tem sido um levar Jesus àqueles que mais precisam Dele? Temos sido, através da vivência eucarística, verdadeiras e verdadeiros “sacrários vivos”, como Maria, mãe do Senhor, servindo e levando o Cristo a quem verdadeiramente Dele necessita? Como cada um de nós, ao viver a sacralidade deste tempo forte, pode e deve contribuir para que outros possam também vivenciar e experimentar o Sagrado neste tempo de escuta e tomada de decisão?
Estas e outras perguntas podem e devem servir de estímulo para nós neste tempo de espera e preparação para a grande festa de confraternização universal e acolhida do Cristo que vem! Visto que, o Advento é um tempo de retomada de um norte, um projeto de vida próprio, pautado na experiência daqueles que, na expectativa do Mestre que vem, buscam um cristianismo mais autêntico, pautado no amor de uma eclesiologia integral de uma Igreja em saída, e que, por isso mesmo, não se fecha em si mesma. Um advento de excelente preparação natalina para todos!
Por Leandro Alves Soares, professor de Ensino Religioso do Colégio Anchieta
