
Ansiedade: como isso pode afetar a vida da criança e do adolescente (Outubro/2024)
A ansiedade corresponde a um sentimento de tensão, medo e preocupação inerentes ao ser humano e, até certo ponto, é considerada normal. A partir do momento em que esse sentimento se torna excessivo, a ansiedade pode se transformar em uma doença psicológica, comumente conhecida como transtorno de ansiedade. Quando o medo e a preocupação se tornam constantes, esse sentimento passa a ser perturbador e chega a limitar a pessoa, prejudicando até mesmo suas atividades cotidianas.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), apresentados em 2017, os distúrbios relacionados à ansiedade já atingem 9,3% da população brasileira, o que corresponde a 18.657.943 pessoas. Além disso, de acordo com uma pesquisa realizada pelo professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, Fernando R. Asbahr, 10% de todas as crianças e adolescentes terão problemas com algum tipo de transtorno de ansiedade.
Mas o que é um tipo de ansiedade? O transtorno apresenta variados tipos de ansiedade que se desenvolvem de diversas maneiras. Entre os tipos, destacam-se os seguintes:
- Transtorno de ansiedade generalizada: tipo de ansiedade de alta intensidade que prejudica a vida cotidiana. Geralmente, interfere na atenção, no sono, causa exaustão e desconforto físico.
- Fobia social: preocupação excessiva em participar de eventos sociais ou apresentações. Esse tipo de ansiedade pode se desenvolver na infância e causar prejuízos nas relações pessoais e profissionais.
- Fobia simples: relacionada ao medo de algo específico, como sangue, animais, altura etc.
- Síndrome do pânico: crise de ansiedade de curta duração. Pouco comum entre crianças e adolescentes, pode causar tremores e taquicardia, por exemplo.
- Transtorno de ansiedade por separação: recorrente em crianças pequenas, quando são separadas dos pais ou familiares próximos. Pode causar grande medo e sofrimento à criança, assim como náuseas e palpitações.
- Estresse pós-traumático: corresponde à recordação de um acontecimento traumático que teve grande impacto na vida da pessoa. Pesadelos e flashbacks são comuns nesse tipo de ansiedade.
- Agorafobia: desenvolve-se especificamente na adolescência, principalmente para quem já possui a síndrome do pânico. É caracterizada pelo medo de situações ou lugares que possam gerar constrangimento.
- Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC): corresponde a medos irracionais ou pensamentos obsessivos. Algumas atividades cotidianas tornam-se repetitivas e podem interferir na qualidade de vida.
- Mutismo seletivo: extremamente comum em crianças, refere-se à dificuldade de se expressar em algumas situações, fazendo com que a criança deixe de participar de atividades sociais.
Em crianças na primeira fase da vida, o transtorno de ansiedade por separação é o mais recorrente. A ansiedade generalizada, a fobia simples e social, e o pânico começam a se desenvolver em sequência. Entretanto, o quadro clínico varia de criança para criança.
Já em crianças maiores, a ansiedade se desenvolve pelo medo de agressões ou morte, que são os mais comuns. Adolescentes, geralmente, ficam mais ansiosos com a aprovação no vestibular.
As causas da ansiedade
As causas da ansiedade em crianças e adolescentes envolvem diversos fatores biológicos, ambientais e emocionais. Algumas das principais causas do desenvolvimento da ansiedade nessas fases da vida incluem:
- Causa hereditária, relacionada à genética passada de geração em geração.
- A aprendizagem no meio em que vive, caracterizada como um fator ambiental. A criança aprende as reações observando os pais e parentes. Há a questão do bullying, indisciplina, agressão ou uma estrutura familiar desestruturada, que prejudica a interação social.
- O estilo de educação da criança, que pode ser excessivamente protetor ou crítico, gerando mais pressão.
- Pais indisponíveis, alterações financeiras, rejeição ou o nascimento de um irmão.
- Situações traumáticas.
- Episódios de estresse, como a separação dos pais.
- Má compreensão do que sente e da vivência.
Os principais sintomas, causas e tratamento
A ansiedade infantil pode apresentar sintomas emocionais, físicos, comportamentais e relacionados ao pensamento. Tristeza, medo, culpa, preocupação e alterações de humor são alguns dos principais sintomas emocionais que podem ser observados em crianças e adolescentes.
Entre os sintomas comportamentais, destacam-se crises de choro, falta de concentração, isolamento e desânimo em realizar atividades que antes eram corriqueiras. A agitação, dores no corpo, músculos tensos, tonturas e insônia são alguns sinais físicos que a ansiedade pode apresentar. O pessimismo, a falta de confiança, a baixa autoestima e a autocrítica caracterizam sintomas relacionados ao pensamento.
Quando esses sintomas não são tratados adequadamente ou não são percebidos, o transtorno pode trazer consequências graves à criança e ao adolescente. Depressão, fobia, baixa autoestima e isolamento são alguns dos efeitos que a ansiedade pode causar.
Para o tratamento do transtorno, os medicamentos atuam basicamente nos sintomas. Entretanto, para muitos distúrbios de ansiedade, o acompanhamento psicológico é uma opção assertiva. Cabe aos pais procurarem ajuda profissional para identificar o melhor tratamento.
Diante disso, estar atento às ações do seu filho ou filha é fundamental para identificar o transtorno e buscar a melhor solução, evitando que o problema se desenvolva para situações mais graves.
Por Thais Pereira Quintão, Psicóloga