O conceito de transtorno do déficit de natureza, introduzido por Richard Louv em seu livro Last Child in the Woods (2005), aborda a crescente desconexão entre crianças e jovens e o ambiente natural. Essa distância tem impactos significativos na saúde física, mental e emocional, manifestando-se por meio de aumento de ansiedade, déficit de atenção, obesidade e outros problemas relacionados ao estilo de vida urbano e digitalizado.
Embora não seja um termo médico, o transtorno do déficit de natureza serve como alerta para problemas observados por profissionais de saúde e educação, como estresse, dificuldade de sono, hiperatividade e sedentarismo. De acordo com Pe. Josafá Siqueira em Inteligência Verde (2019), a reconexão com a natureza vai além do aspecto prático, tocando em questões mais profundas, como a harmonia com a Criação e a inteligência presente em todas as formas de vida.
A Importância de Verdejar os Ambientes
Verdejar os ambientes urbanos é essencial para mitigar os impactos desse “déficit”. A criação de áreas verdes em cidades, escolas e espaços de trabalho traz benefícios concretos: melhora a qualidade do ar, reduz o estresse, regula a temperatura e estimula a criatividade e a cognição, especialmente em crianças.
Além de áreas verdes, práticas como trilhas ecológicas, hortas comunitárias e aulas ao ar livre contribuem para integrar o ser humano ao meio ambiente. Essa reconexão permite que crianças e jovens vivenciem experiências significativas, refletindo sobre seu papel na cidadania planetária e desenvolvendo empatia e senso de pertencimento à Teia da Vida.
Um Direito Fundamental e Uma Responsabilidade Coletiva
A Constituição Federal de 1988 reconhece o direito ao meio ambiente equilibrado, essencial para a qualidade de vida, e atribui ao poder público e à sociedade a responsabilidade de preservá-lo. Promover o contato com a natureza, especialmente em áreas urbanas, não é apenas um dever ambiental, mas uma estratégia para o desenvolvimento humano integral.
O Chamado ao Cuidado com a Criação
A reconexão com a natureza, ao possibilitar aprendizagens mais significativas e ações transformadoras, fortalece o compromisso com o bem comum e com o cuidado da Criação. É um caminho para formar indivíduos mais sensíveis e conscientes, capazes de ouvir o Grito da Terra e agir em prol de um futuro sustentável.
Por Elaine Machado da Silva Guaralde, Professora e Coordenadora de Cidadania Global
