Espiritualidade, do casarão para a vida (Agosto/2022)
As portas do Casarão Amarelo, como chamamos carinhosamente o Colégio Anchieta em nossa cidade, se abriram para mim em 2013, quando eu tinha 6 anos. Um mundão de colégio para quem vinha de outro bem menor.
Aqui fiz um monte de descobertas, construí e venho lapidando as bases para minha vida.
Junto com minha família, experimentei desde cedo a religiosidade, que me fez terreno fértil para tirar o que há de melhor do cotidiano, das oportunidades, espontâneas ou não, e que no Anchieta encontrei para aguçar a minha espiritualidade. Aqui tive o despertar para o servir, para a oportunidade de ensinar e ouvir, entendi e vi que a vida vai muito além desses muros, tive espaço para meditar, fui chamada a andar pelo deserto, a sentir a essência do amor e me conectar ao sagrado.
“Em tudo amar e servir”, esse ensinamento de Santo Inácio aparece nas entrelinhas de tudo que vivi e vivo no Anchieta e foi respondendo com SIM a uma sucessão de convites anchietanos, assim dei início as experiências de espiritualidade que tornaram e mantém mais humana a minha vida.
Se tivesse que nomear um início, o chamaria de GAS, Grupo Amigos do Senhor. As partilhas e os estudos sobre ser um cidadão melhor tocavam fundo e despertavam sentimentos únicos, uma pré-adolescência de reflexões sem censuras, me fizeram olhar para dentro de mim e entender que os melhores caminhos são aqueles que nos direcionam a uma vida com amor. Então, vieram as visitas à Casa dos Pobres São Vicente de Paulo. Ouvir, cantar e sorrir com os moradores de lá nos permitem experimentar uma conexão que dá mais sentido ao existir.
O voluntariado para monitoria e poder servir também aos colegas do mesmo ano me fizeram experimentar a gratidão de mão dupla e sentir como é bom fazer o bem.
Veio a pandemia, a distância do ambiente escolar, mas a proximidade da espiritualidade se manteve presente, porque em todo tempo a influência da fé em nossa vida e a partilha de experiências humanas nos encorajam para ser melhor para si, para o outro e para o mundo. Assim, o Anchieta me apresentou o Arrupe, um itinerário que, dessa vez, seria uma experiência virtual com jovens estudantes Jesuítas de toda a América Latina. Esse itinerário tem base nos ensinamentos de Santo Inácio, e através dos encontros semanais, trabalhamos autoconhecimento com objetivo de entender nosso lugar no mundo. Uma experiência especial, principalmente pela troca cultural e pelo interesse comum em fortalecer a fé e ser um cidadão melhor, mais humano.
Entrega e plenitude marcaram minha última grande experiência vivida num recente encontro espiritual de jovens a convite do Colégio. Foi de jovem para jovem e a doação deles fez a diferença. Foi generoso, intenso e direto, nos deixaram tão à vontade para viver de verdade aquela experiência.
Experiências espirituais que aqui tenho vivido têm sido marcantes na minha vida e assim será até o último dia que tiver a alegria de respirar esse ar jesuíta do Anchieta. Na verdade, assim será para sempre, porque seguirá no meu coração.
Por Manuela Pitaluga, aluna da 2ª Série do Ensino Médio