Fogo e consciência: desafios e lições das queimadas para a educação ambiental(Outubro/2024)

As queimadas, sejam causadas por ação humana (intencional ou acidental) ou por eventos naturais, afetam diretamente a preservação dos biomas e ecossistemas, rompendo a interdependência entre todas as formas de vida ali existentes, elevando a perda da biodiversidade através da destruição de habitats de fauna e flora, resultando na migração de animais, morte de espécies e destruição de plantas endêmicas.

A coleta de dados em um evento de grande porte, como uma queimada, precisa redirecionar planejamentos, onde a inserção de novas abordagens interdisciplinares, incluindo questões de sustentabilidade e proteção de ecossistemas e biomas, culmina no desenvolvimento de competências para lidar com os desafios ambientais. Esse processo exige flexibilidade, inovação pedagógica e saberes que eduquem para uma cidadania planetária, reconhecendo a educação como um caminho em constante evolução, capaz de responder às urgências do contexto global, como queimadas, mudanças climáticas e crises de biodiversidade, na formação de cidadãos globais cada vez mais preparados para enfrentar as complexidades de um mundo cada vez mais veloz e incerto.

Desafios devem ser considerados, como a criação de estratégias para resolver questões como a remoção da vegetação pela queima, que prejudica o solo, aumenta a erosão e reduz sua capacidade de retenção de água, além de favorecer o crescimento de espécies invasoras, que ocupam rapidamente áreas afetadas e competem com as espécies nativas.

Em nosso contexto, as trilhas ecológicas são uma ferramenta importante na promoção da educação ambiental e na conscientização sobre a importância da preservação de ecossistemas. Trilhas ecológicas impactadas por eventos como queimadas exigem um espaço de reflexão e recuperação, educando a comunidade educativa e os visitantes sobre os impactos negativos do fogo e demonstrando esforços realizados para a recuperação ambiental, além de pontos de monitoramento e pesquisa sobre os efeitos das queimadas e os processos de regeneração natural.

Na obra intitulada “Terra-Pátria”, Morin e Kern (1993) discutem a importância da cidadania planetária e a interdependência global no contexto das crises ecológicas e sociais, propondo a educação como ferramenta essencial na formação de uma nova consciência planetária: uma educação que não só ensine sobre o meio ambiente, mas que também promova a interconexão entre os saberes e uma ética de responsabilidade global, reforçando a necessidade de uma visão holística e interdisciplinar para lidar com a crise ambiental global.

A ideia de terra-pátria sugere que o planeta Terra é o lar de todos os seres humanos e, como tal, devemos cultivar um senso de pertencimento e responsabilidade em relação ao futuro da Terra, alertando que, se a humanidade não mudar suas atitudes e comportamentos, o futuro do planeta e da espécie humana estará em risco, reforçando a necessidade do desenvolvimento de uma cidadania planetária em diálogo com os desafios contemporâneos, como as mudanças climáticas, o racismo ambiental e a busca por um desenvolvimento sustentável.

É urgente reconhecer o papel crucial da humanidade no mundo e a necessidade de cultivar uma consciência ecológica local/global para lidar com os desafios deste século.

“O destino terrestre se impôs ao destino humano.” (MORIN; KERN, 2003, p. 14).

Por Elaine Guaralde, Professora e Coordenadora de Área