Formação Integral no Ensino Médio: História e a dimensão espiritual-religiosa (Março/2025)

O desafio de integrar a dimensão espiritual-religiosa nas práticas pedagógicas do Ensino Médio, especialmente dentro da pedagogia inaciana, é significativo. As pressões relacionadas aos vestibulares e aos conteúdos densos são constantes, mas, como professor de História, busco construir um espaço que permita aos estudantes refletirem sobre as ações humanas ao longo da história. Esse olhar abrange desde momentos de concórdia e discordância até manifestações de compassividade ou ódio, evidenciando os afetos positivos e negativos que moldaram personalidades e contextos históricos.

Para isso, trago para as aulas histórias de vida que marcaram a trajetória humana, como as de Mahatma Gandhi, Martin Luther King e João Paulo II. Essas figuras exemplares permitem um diálogo inicial sobre a dimensão espiritual-religiosa, ao mostrar como a fé ou as convicções desses líderes foram motores para suas ações em prol da comunidade humana. Dessa forma, conecto os conteúdos da disciplina à reflexão sobre valores e espiritualidade, sem desviar a atenção dos objetivos acadêmicos dos estudantes.

Um recurso que utilizo frequentemente é a Pausa Inaciana, um momento breve de silêncio e introspecção no início das aulas. Esse momento convida os alunos a refletirem sobre temas relevantes ou experiências pessoais, proporcionando uma transição para a dimensão espiritual de forma prática e acessível. No contexto do Ensino Médio, essa prática tem se mostrado valiosa, pois oferece aos estudantes um contraponto ao ritmo acelerado e aos estímulos constantes do cotidiano, reforçando o valor do silêncio e da atenção plena.

Reconheço que captar a atenção dos jovens, em um mundo repleto de distrações, como as telas, é uma tarefa desafiadora. No entanto, acredito que o vínculo entre educador e educando é a base para tornar a aula um momento singular e significativo. É por meio da construção de relações afetivas autênticas que conseguimos superar as barreiras que muitas vezes dificultam o processo de ensino-aprendizagem.

Nesse sentido, a pedagogia inaciana oferece um norte claro. Inspirada nos ensinamentos de Santo Inácio de Loyola, ela propõe o domínio das paixões, a atenção plena no agir e no ser, e o fortalecimento da vontade como pilares do desenvolvimento humano integral. Essa abordagem não apenas auxilia os estudantes a alcançarem suas metas acadêmicas, mas também os convida a explorar seu mundo interior, promovendo um crescimento pessoal que os prepara para serem protagonistas no mundo.

A formação integral, conforme preconizada pela pedagogia inaciana, é um chamado para educar não apenas para o “fazer”, mas também para o “ser”. Afinal, nossos jovens precisam mais do que conhecimentos: precisam de ferramentas para viver de maneira plena, consciente e significativa, sendo agentes de transformação em suas comunidades e no mundo.

Mateus Barradas, Professor de História do Ensino Médio