
Fraternidade e Ecologia Integral – A campanha da Fraternidade de 2025(Fevereiro/2025)
Em 2025, a 8ª edição da Campanha da Fraternidade focará na Ecologia Integral, celebrando uma década da encíclica Laudato Si’. O Papa Francisco enfatiza que tudo está interligado. Essa abordagem amplia a compreensão da ecologia, incorporando não apenas questões ambientais, mas também políticas, sociais, culturais e éticas.
A Laudato Si’ transcende o discurso ecológico convencional ao convidar todos a unir oração e ação, reconhecendo as urgências da Criação, que, como mencionado na carta aos Romanos, “gemem como em dores de parto”. Essa perspectiva holística nos chama a agir de maneira integrada, promovendo uma verdadeira transformação que respeite a dignidade de todos os seres e a saúde do planeta.
Assim, a Campanha da Fraternidade de 2025 nos convida a refletir sobre nosso papel na construção de uma sociedade mais justa e sustentável, onde a interdependência entre a humanidade e a natureza seja reconhecida e valorizada.
As três palavras (Fraternidade, Ecologia, Integral) estão interligadas por um fio ritual do tempo litúrgico quaresmal, que visa sensibilizar as pessoas para uma adesão à proposta de Jesus Cristo: vida abundante.
Para que a vida seja mantida e preservada, é necessária uma ação de jardinagem. A vida criada por Deus mora no jardim. As pessoas são corresponsáveis pela vida do “jardim” criado por Deus. Somos jardineiros de Deus. O jardim é o quintal da casa de Deus. Lá, tudo é bom, porque tudo o que Ele criou é bom, bonito, e só Deus é bom. Bom e belo.
A palavra fraternidade tem sua origem no latim “fraternitas”, expressando o desejo da Igreja para que o cuidado comum do jardim seja realizado por irmãos.
A palavra ecologia tem sua origem no grego: “oikos”, que significa casa, e “logos”, que significa estudo. A ecologia refere-se ao estudo da “casa”. Esta referência aparece em 2007 no documento de Aparecida, no conceito de “casa comum”, posteriormente assumido pelo Papa Francisco. Assim, a Igreja expressa que a ecologia é um modo diferenciado de cuidar da vida do “jardim”; a vida está toda interligada através das coisas criadas por Deus. Não há vida quando existe separação.
A palavra integral qualifica o conceito de “ecologia integral” e serve como modelo para abordar a crise socioambiental, considerando as interações entre natureza e sociedade, com a necessidade de encontrar soluções plausíveis para os graves problemas ambientais e sociais, evitando soluções isoladas. Os problemas ambientais afetam a todos e toda a criação. Não só o que Deus criou, mas também as estruturas do cuidado criadas pelo homem: economia, política, religião etc. Essas estruturas são cocriadoras da vida com Deus e, por isso, devem expressar de modo justo o cuidado para que a vida seja abundante em tudo e para todos.
A CF/2025 capta a essência da Economia de Francisco e Clara, uma convocação do Papa Francisco, revelando São Francisco como modelo do “homem novo”, que vive em harmonia com Deus, com a comunidade e com a criação. O Cântico das Criaturas exemplifica essa reconciliação, e a encíclica Laudato Si’ reforça a necessidade de uma economia que respeite o planeta.
A Economia de Francisco e Clara nos lembra, ainda, que a justiça econômica e a justiça ecológica estão profundamente conectadas e nos convoca a construir um mundo em que as economias respeitem a criação e promovam o bem-estar coletivo. Esse chamado à ação reflete o espírito de fraternidade e cuidado que é fundamental na visão de São Francisco e Santa Clara, convidando todos a participar ativamente dessa transformação.
É natural sensibilizar-se com o que vemos a olho nu, mas existem seres microscópicos, há vidas desconhecidas no firmamento e no fundo dos mares e em outros ambientes que ainda não conhecemos. Há inúmeras vidas dentro do corpo humano. Por isso, é necessário criar essa visão ecológica sobre um viver integrado com o bom e o belo.
E isso é possível, pois reconhecemos pela fé que Jesus, o jardineiro, nos ensinou o melhor modo de ser fraterno de forma ecológica e integral. Ele revelou a essência do homem e da Criação, não se separando do belo, mas manifestando a plenitude da beleza do Criador: tudo o que é criado por Deus é bom.
Por Pe. José Carlos, SJ, Marcely Jardim e Fernando Chabudt, pela Formação Cristã.