Internacionalização: Línguas e Formação Global (Setembro/2024)
Como apontam Gazzotti e Liberali (2014), a abordagem educacional que envolve o uso de mais de uma língua visa proporcionar aos estudantes a oportunidade de imersão em diversas culturas, além de estimular o desenvolvimento de habilidades metacognitivas e metalinguísticas. Essa abordagem tem como objetivo a ampliação tanto do horizonte cultural quanto das competências linguísticas dos sujeitos da aprendizagem.
Em âmbito mundial, o panorama que norteia as habilidades de proficiência linguística é o Quadro Europeu Comum de Referência para Línguas (CEFR), documento que abarca questões de competência linguística e outras relacionadas às competências interculturais.
Em cenário nacional, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) também aponta para uma participação mais efetiva dos alunos no processo de aprendizado da língua adicional em um mundo cada vez mais diverso e plural, bem como para um caráter mais formativo na aprendizagem do idioma.
As línguas, no processo de interação global, precisam ser uma conexão entre povos e culturas, potencializar o desenvolvimento da interculturalidade crítica, atuar na promoção da diversidade linguística, facilitar intercâmbios culturais, reforçar a consciência planetária e promover a cidadania global.
A língua inglesa tem se consolidado enquanto língua de contato entre falantes que possuem diferentes línguas de origem e, neste sentido, o inglês vem se desenhando como língua franca. Dessa forma, o idioma precisa ser observado à luz do processo de interação social, de modo a potencializar experiências de compartilhamento e troca – a língua como elo entre povos e culturas. O processo de democratização da internacionalização pode ser permeado, portanto, por meio da língua e de sua função social.
A UNESCO (2015) assinala que existem múltiplas interpretações para o termo “cidadania global”, sendo este termo relacionado ao “sentimento de pertencer a uma comunidade mais ampla e a uma humanidade comum” (UNESCO, 2016, p. 14). As três noções centrais da Educação para a Cidadania Global (ECG), que devem ser incorporadas aos currículos, estão voltadas ao respeito pela diversidade, à solidariedade e ao sentido compartilhado de humanidade (UNESCO, 2018).
Em uma perspectiva inaciana, uma educação comprometida com a cidadania global orienta para a consciência e a responsabilidade local e global, e é destacada no terceiro identificador global dos colégios jesuítas. Por isso, enquanto comunidade anchietana, nós – educadores, estudantes e famílias – compartilhamos como missão comum a necessidade de desenvolver diálogos e práticas que fortaleçam a cidadania global em nossos fazeres cotidianos.
Os principais desafios destacados no processo de internacionalização linguística estão ligados à multiplicidade de línguas e às línguas de prestígio, às barreiras culturais, aos padrões de comunicação, à perda de línguas e culturas menos dominantes, à rapidez das mudanças linguísticas e à aceitação cultural.
Assim, fica um convite para todos do Casarão Amarelo: como podemos superar os desafios e criar um mundo onde todas as vozes (e línguas) possam ser ouvidas? Que Santo Inácio nos ajude e inspire em nosso compromisso de formar homens e mulheres para e com os outros, tão diversos em suas formas de ser e de se expressar no mundo!
Por Emily de Paula S. Marins, Coordenadora do Ensino Bilíngue