Justiça social: A garantia de dignidade é tarefa urgente! (Agosto/2023)

O conceito de justiça social se baseia na noção de que todos os indivíduos de uma sociedade têm direitos e deveres iguais em todos os aspectos da vida. Isso quer dizer que todos os direitos básicos, como a saúde, educação, justiça, trabalho e manifestação cultural, devem ser garantidos a todos. Para compreender historicamente a construção desta ideia tão cara ao bom desenvolvimento das diversas sociedades, é fundamental relembrar as ideias do Welfare State (Estado de bem-estar social). Este tipo de organização política preconiza o crescimento econômico em conjunto com as garantias de seguridade social.

Da teoria para o contexto, pensemos nas peculiaridades de nossa realidade. Extremos níveis de desigualdade social, com hábitos de consumo desenfreados e nocivos, e destruição ambiental. Estas características exibem resultados de um modelo produtivo, cultural e político que enfatiza a garantia do enriquecimento econômico em detrimento da segurança de direitos básicos para as camadas mais vulneráveis de uma sociedade.

Constrói-se, dessa forma, o que entendemos como uma dinâmica de “quadrados perfeitos”. Em uma escala do maior para o menor, os critérios para se estar inserido nos quadrados do acesso à educação de qualidade, da alimentação digna (em quantidade e qualidade), do trabalho justo, da moradia, entre outros, se tornam excludentes. A garantia universal de direitos se esvai, e a dignidade humana se esfacela.

A justiça social é tarefa governamental, mas também é demanda das ações da sociedade civil. O magis inaciano nos situa diante da árdua tarefa de ser mais para os demais. Usarmos nossos dons em prol das necessidades dos mais pobres e vulneráveis nos situa em um local social e político que é de extrema importância na construção de um mundo mais justo e fraterno para todos os indivíduos. A justiça social, para além de conceito, deve ser tarefa e norte para o hoje e para o amanhã. Pensar a partir das lógicas desta ideia pressupõe que há comprometimento com a caridade e com a dignidade humana.

Por Luiza Espindola, Professora de História