O Impacto Das Inteligências Artificiais No Ensino Brasileiro (Abril/2023)

Com o avanço recorrente e, cada vez mais, progressivo das tecnologias, mecanismos popularmente conhecidos como Inteligências Artificiais (IA’s) ascendem em diversos cenários, entre eles, o ensino, no qual vem proporcionando consideráveis evoluções. Nesse sentido, assim como a maioria dos sistemas modernos, a apropriação das IA’s oscila entre pontos positivos e negativos que, como exposto, apresenta aspectos que contribuem e, ao mesmo tempo, deterioram os meios educacionais gradativamente. Assim sendo, analisa-se que alguns desses benefícios incluem, por exemplo, evolução e maior dinamicidade da educação e, contrariamente, a falta de democratização do uso e a tendenciosidade, destacam-se como alguns pontos que dependem de revisão.

Antes de tudo, é impossível desconsiderar a evidente otimização do ensino que é proporcionada pela incorporação das Inteligências Artificiais a esse. Sob esse viés, tais ferramentas tornam-se uma eficaz fonte de informação, haja vista que facilitam a busca de conteúdos e dados online, simplificando a exposição cibernética tradicional que, em base, nos apresenta diversas fontes de websites, nos apresentando a uma única resposta, objetiva e coesa, fundamentada pela coletânea de referências disponíveis nesses variados portais, a qual não se limita à resposta, mas também, atua como didata, oferecendo explicações e abertura à dúvidas subsequentes. 

Por outro lado, tal disposição às questões educacionais permite que o mecanismo torne-se manipulável ou, pelo menos, tendencioso. Ao analisarmos a essência do funcionamento das IA’s, percebe-se que sua capacidade de buscar dados na web permite que essas distorçam informações fornecendo ao usuário somente aquilo que é solicitado, ocultando a origem e o contexto do conteúdo. A animação da 20th Century Studios, Ron Bugado, por exemplo, expõe a narrativa de um menino que, após a inserção de robôs nos meios sociais, passa a ter um deles como seu melhor amigo, mas, com o tempo, descobre que há imperfeições no seu funcionamento. Ainda que o erros da máquina no longa metragem sejam relativos ao enredo, as atuais ferramentas digitais, devido à sua programação, podem acabar manifestando ao perfil opiniões com bases preconceituosas, uma vez que se fundamentam naquilo que é escrito por pessoas reais e liberado abertamente na internet. Assim, a Inteligência incorpora tais comentários discriminatórios ao seu repertório, promovendo-os.

Em segundo plano, a evolução do ensino utilizando Inteligências Artificiais  tem sido notável nos últimos anos. As IA’s permitem a personalização do ensino de forma individualizada, adaptando o conteúdo e a metodologia de acordo com o ritmo de aprendizado e as necessidades de cada aluno. Além disso, a IA pode ajudar a melhorar a eficácia do ensino, fornecendo feedbacks em tempo real para educadores sobre o desempenho dos alunos e ajustando o ensino para melhor atender às necessidades específicas de cada aluno. A automação de tarefas rotineiras, como a correção de testes e provas, também pode liberar tempo para educadores investirem em outras áreas do ensino. Com essas evoluções, é possível aprimorar a qualidade do ensino, tornando-o mais eficiente, dinâmico e personalizado, o que pode levar a um aprendizado mais eficaz e significativo para os alunos.

A eficácia das Inteligências Artificiais é verificada, por exemplo, ao refletirmos que o parágrafo acima foi inteiramente escrito por uma delas. A ferramenta em si foi o Chat GPT, do laboratório norte-americano OpenAI, a qual em poucos segundos nos forneceu a escritura com o simples comando: “Faça um parágrafo sobre a evolução do ensino utilizando Inteligências Artificiais”. Desse modo, são comprovadas as diversas finalidades que as IA’s podem ter, assumindo as mais variadas funções. Contraditoriamente, seu uso deve ser moderado, já que o estudante é exposto a um sistema facilitador que o distancia da prática (aplicação manual do aprendizado), invalidando métodos que apreciem seu esforço, confundindo praticidade com comodidade.

Outro ponto, enfatiza a democratização do acesso ao sistema dessas novas tecnologias, uma vez que dependem de equipamentos e serviços caros, predominantemente restritos no Brasil, concentrados nas mãos de um pequeno contingente populacional, privilegiando-os em relação à média nacional. Sendo assim, mesmo que incorporados ao sistema educacional emanam de grandes investimentos para que seja algo, socialmente, aplicável no cenário brasileiro, investimento esse, muitas vezes, negligenciado pelos gestores econômicos, que consideram tal destinação de verba desnecessária ou improdutiva, por não terem um retorno financeiro imediato.

Portanto, a causa em torno das Inteligências Artificiais é duplamente avaliada, destacando seus benefícios e malefícios na estruturação do sistema educacional brasileiro, abrangendo esferas sociais e didáticas que visam, acima de tudo, à compreensão da necessidade de que os meios educativos têm de estarem em processo de mudança. Os recursos tecnológicos são o futuro de tudo aquilo que contempla o meio social e, não diferentemente, será com a educação, mas é necessária a crítica à sua incorporação, pois ainda que inevitável, sua evolução deve ser comedida.

Por Pedro de Carvalho Wermelinger e Murillo Fernandes Rocha Guimarães,
alunos da 1ª série do Ensino Médio
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