Os impactos negativos das redes sociais na saúde mental(Abril/2024)

Segundo a renomada filosofa Simone de Beauvoir, “mais escandaloso dos escândalos é que nos habituamos a eles.” Diante de sua ótica, é perceptível o quão negligenciadas e normalizadas são as mazelas que configuram a sociedade pelos cidadãos, especialmente as que dizem respeito aos distúrbios psicológicos. Nesse contexto, as redes sociais se destacam como principais agravantes dos problemas ligados à saúde mental dos brasileiros, causando inúmeros impactos negativos como autocobrança e ansiedade, comuns na realidade de grande parte dos indivíduos, mas invisíveis ao todo. Por isso, visando acabar com a invisibilidade que configura esse cenário e mitigar suas consequências à população, é imprescindível uma discussão acerca de suas principais causas, tais quais a performance da vida ideal e o contato excessivo ao hormônio dopaminérgico desde cedo.    

Primeiramente, a vida perfeita e irreal dos influenciadores nas redes sociais instiga os cidadãos a uma comparação problemática e desnecessária, fruto de inúmeros distúrbios psicológicos atuais. O documentário “O dilema das redes”, da plataforma Netflix, pode ser considerado um retrato da realidade ao tratar de uma adolescente que prioriza a maneira conforme vista no meio digital ao seu modo de realidade, procurando aproximá-la do que vê de famosos. Fora da ficção, esse cenário performático de um mundo ideal provoca nos seres humanos uma frustração absurda, pela impossibilidade de trazê-lo para fora das mídias, um sentimento compartilhado hoje, de acordo com uma pesquisa da UFRJ, por 90% de 520 mulheres entrevistadas acerca do problema. Como consequência, o efeito da comparação nas pessoas aumenta sua autocobrança, provoca ansiedade, e até depressão, impactando negativamente suas saúdes mentais.  

Em segundo lugar, o contato constante com o hormônio do prazer desde cedo pode desenvolver, nos cidadãos, vícios absolutos às drogas e ao álcool. Acerca disso, a Dr.ᵃ Anna Lembke, em sua obra “Nação Dopamina”, explica os efeitos do estímulo hormonal no cérebro, sendo ele acumulativo e acostável, ou seja, um acesso exacerbado leva a uma necessidade crescente. Dessa forma, pelo fato de as redes sociais serem uma fonte direta de dopamina, a probabilidade de grandes doses dela no futuro é gritante, provocando o aumento do tabagismo e do alcoolismo, vícios desenvolvidos pela busca do prazer. Logo, quanto maior o contato de crianças com o digital, mais expressivos os impactos na saúde mental dos indivíduos a longo prazo e maior o problema discutido na sociedade.  

Portanto, é notável a gravidade da mazela para a população, sendo de extrema importância mitigá-la rapidamente. Isto posto, o meio mediático deve auxiliar no combate à performance virtual de vidas irreais, por meio de campanhas, como postagens e vídeos que propaguem seu impacto na saúde mental papular, para que as pessoas se conscientizem do problema que ela causa. Ademais, as famílias, fontes primárias de influência ao menor, são responsáveis por limitar o uso das redes sociais pelas crianças, por meio da imposição de um limite de tempo visando prevenir o uso de drogas e álcool no futuro. Apenas dessa maneira, será possível pôr fim ao problema e a sua invisibilidade.   

Por Gabriela Boêta, Aluna da 3ª Série do Ensino Médio