
População em situação de rua e a questão da invisibilidade social no Brasil (Novembro/2022)
A partir da segunda metade do século XVIII, um período de grande desenvolvimento tecnológico teve início na Inglaterra, promovendo profundas transformações na sociedade global. Conhecido como Revolução Industrial, tal processo, além de afirmar o surgimento da indústria e consolidar a formação do capitalismo, impulsionou a urbanização, em meio ao intenso êxodo rural, motivado pela oferta de emprego e busca por melhores condições de vida nas cidades. Entretanto, apesar de aparente cenário de prosperidade à época, atualmente são notáveis diversos entraves oriundos da má-estruturação de tal fenômeno, a mostra do contingente populacional em situação de rua e da questão da invisibilidade social no Brasil, fatores certamente prejudiciais à comunidade, haja vista a inoperância governamental e a desigualdade enraizada.
Em primeiro lugar, vale dizer que a negligência por parte do poder público corrobora a ocorrência de problemas urbanos. De certo, isso ocorre, uma vez que há a inexistência de políticas públicas em favor dos sem-teto, em detrimento da busca pela propagação de uma boa imagem referência de empecilhos nas cidades. Ainda nessa linha de raciocínio, ganha relevância o documentário “Arquitetura Hostil”, segundo o qual a infraestrutura urbana tende a “empurrar” os indivíduos que consideram “inadequados” para “fora”, ao, por exemplo, impedir que moradores de rua se situem em locais públicos, uma vez que o governo se mostra ineficiente quanto à atenção aos mais vulneráveis. Por consequência, é criada a ilusão de uma cidade organizada e sem problemas sociais aos cidadãos, de modo que a invisibilidade é reforçada.
Além disso, é importante considerar que a desigualdade social evidente no Brasil contribui para o aumento dos moradores de rua. Tal questão se dá em razão de, diante da hierarquia social, algumas classes minoritárias concentram o poder, apresentando-se como comandantes da supremacia estrutural, ao passo que a maioria comunitária é suprimida a condições inferiores. Nesse sentido, o conceito de “Divisão de Classes”, assume um papel importante, visto que, devido à existência de camadas dominantes, a miséria provocada pela discrepância coletiva é utilizada para a manutenção de privilégios sobre as classes dominadas, conforme um ciclo, de modo em que estas são marginalizadas e expostas à pobreza e à fome.
Diante de tal cenário, faz-se necessário que medidas sejam tomadas visando a atuação da problemática relacionada ao contingente populacional em situação de rua e sua invisibilidade. Para tanto, é essencial que o Poder Público garanta os direitos básicos aos grupos marginalizados, como moradia e saúde, através da criação de campanhas de doação e serviços públicos alternativos, como ofertas para empregar tais indivíduos, a fim de integrá-los socialmente e gerar novas oportunidades. Assim, será amenizada a discrepância estrutural urbana, resultante da Revolução Industrial.
Por Daniel Calixto, aluno do 9º Ano do EF 2