Reconhecimento das mulheres nas ciências (Abril/2025)

Nas escrituras bíblicas, Caim, após cometer o primeiro homicídio da história humana, recebeu de Deus, como punição, uma marca. Esta que, apesar de conceder ao filho de Adão a imortalidade, tornava-o vulnerável aos olhares reprovadores e à perseguição.  Analogamente – no contexto hodierno – nota-se, ao analisar o panorama brasileiro, que interdições impostas “marcam” o gênero feminino de forma a dificultar sua plena integração social. Diante disso, deve-se analisar de que modo o machismo estrutural e a falta de representatividade política constituem desafios ao reconhecimento das mulheres das ciências da saúde no Brasil. 

Em primeira instância, destaca-se o patriarcado como agravante da problemática. Sob este viés, segundo a escritora Chimamanda Adichie, a estrutura patriarcal não trata-se apenas de uma soberania masculina, mas também de uma sociedade que privilegia a masculinidade e não reconhece a contribuição feminina. De forma análoga ao contexto – hodiernamente – concebe-se a afirmativa da nigeriana como verossímil quanto à realidade brasileira. Este cenário pode ser atribuído a características herdadas de estruturas sociais machistas que se perpetuaram ao longo do tempo, em que as mulheres eram reduzidas ao trabalho doméstico e que os homens eram os detentores do intelecto e responsáveis pelo desenvolvimento científico humano. Essa hierarquização impossibilitou a entrada de muitas pessoas do sexo feminino na área de ciências médicas e aquelas que conseguiram adentrar no meio foram postas às sombras dos homens, uma vez que – devido à estrutura perpetuada – o sexo feminino é considerado menos capaz de realizar algumas funções comparado ao masculino.  

Além disso, evidencia-se o baixo número de mulheres na política corrobora o argumento da questão. Sob esta ótica, consoante o ideal democrático do político inglês Clement Attlee, a diversidade nos cargos políticos se faz necessário para garantir que todos tenham voz na sociedade. No entanto, tal multiplicidade não existe no Brasil, uma vez que apenas 18 % do parlamento brasileiro é constituído por mulheres. Essa perspectiva, pode ser relacionada ao tecnicismo do ensino, uma vez que as escolas, focadas apenas na preparação do aluno para provas externas, ignora o desenvolvimento do senso crítico do estudante não incentivando, assim, seus jovens a seguir carreira política. Desta maneira, o cenário de exclusão feminina perpetua-se impedindo a partir do ideal de Clement, que estes busquem reconhecimento em todos os âmbitos, como nas ciências da saúde. 

Portanto, é indubitável que medidas precisam ser tomadas em combate à problemática. Logo, cabe ao ministério da educação – órgão responsável pela administração do ensino no país – promover, por meio de uma reforma na grade curricular, a integração de conteúdos voltados à desconstrução do patriarcado e ao incentivo à participação política das mulheres, para que esses tenham voz frente à sociedade e também para que o machismo estrutural seja corrompido. Desta forma, a problemática tende a ser sanada e as interdições impostas, que, assim como em Caim, “marcam” as mulheres distanciar-se-ão de impedir o reconhecimento da contribuição feminina na área científica da saúde no Brasil.  

Por Thiago Pereira Brasil Neves, Aluno da 1ª série do Ensino Médio