VIDA NOVA(Abril/2025)

A Páscoa não é um momento separado ou isolado da vida de Jesus e das celebrações da Igreja. Ela faz parte de um conjunto litúrgico, simbólico-pedagógico da vida celebrativa da Igreja.

Na liturgia, a Igreja celebra, principalmente na Eucaristia, que abraça a totalidade do tempo: a vida, paixão, morte, ressurreição e ascensão do Senhor. Por meio dela, o fiel peregrina pelo caminho pascal durante todo o Ano Litúrgico. Na liturgia, experimentamos uma unidade histórica, celebrativa, espiritual e teológica da vida de Jesus, vivenciada como ativa, viva e vivificante a cada momento litúrgico.

Porém, a Igreja possui momentos mais fortes para expressar essa realidade da liturgia da Igreja: Natal e Páscoa. Eles são tão importantes que toda a Igreja se prepara com o Advento e a Quaresma para bem celebrar esses dois momentos fundamentais à vida cristã.

No Natal, celebra-se a Encarnação; na Páscoa, celebra-se a Ressurreição do Senhor. Esses momentos se completam e se iluminam para que seja vivida a plenitude do amor de Deus por nós.

Estamos nos aproximando da Páscoa, quando celebraremos a ressurreição. Ela significa passagem, deslocamento, peregrinação, saída… de si para encontrar-se com o outro. Num encontro que gera Vida Nova nos que se encontram. Deus sai de si mesmo e vem a nós em seu Filho Jesus Cristo. Jesus sai de si e vem ao nosso encontro para oferecer-nos o amor do Pai e a Graça do Espírito Santo em sua vida, paixão, morte, ressurreição e ascensão. Os seus discípulos, convivendo com Ele, vão aprendendo também a sair de si e ir ao encontro do outro. Um encontro de pura entrega na liberdade, gratidão e paz.

A Vida Nova começa a modelar o coração dos discípulos. Na lentidão da vida cotidiana, eles vão fazendo a experiência do Cristo ressuscitado. “No domingo pela manhã, as mulheres foram ao túmulo de Jesus para embalsamar seu corpo conforme o costume, e já não o encontraram mais. No domingo, Jesus apareceu vivo a vários dos discípulos, sozinhos ou reunidos. Jesus comeu e bebeu com eles e falou-lhes do Reino de Deus e da missão que tinham de levar adiante.” Essa experiência é coroada no domingo de Pentecostes. A presença de Jesus ressuscitado faz dos discípulos novas criaturas: homens, mulheres, crianças novas. Pessoas descentralizadas de si, descoladas, peregrinas, missionárias.

No dia a dia, podemos perceber e avaliar se estamos vivendo na ressurreição. Primeiramente, perceber a nossa capacidade de descentralizar a vida de nós mesmos. Sair do centro, do egoísmo, da vida confortável, da primeira classe. Pôr-se a serviço e cuidado do outro, do meio ambiente, da casa comum. O ressuscitado desperta o ânimo, a esperança e acredita em novas possibilidades e horizontes para as pessoas deixadas à margem da vida, passageiros da última classe. Vivemos na ressurreição quando o pão chega às mesas de todos, alimentamos os sonhos, melhoramos a qualidade de vida e promovemos dias melhores em nossos ambientes de convivência, como no trabalho, na família, nas comunidades. Quando sabemos perdoar, partilhar, confiar, contar com o outro.

A experiência de Santo Inácio nos aponta a “ver nova todas as coisas” na direção do Magis: “ser mais com os demais”. Sentir e saborear internamente todas as coisas. Perceber a presença de Deus em todas as coisas. Deus não se ausenta de nada em nossa vida. Deus é um Deus conosco, presente, vivo, caminha com a gente. E nós caminhamos com as pessoas, com toda a Criação, com cada habitante da “Casa Comum”. Viver ressuscitado é viver a Vida Nova, sem explorar a Criação, mas cuidando para que o amor de Deus presente nela nos alimente diariamente.

O Colégio Anchieta tem como missão favorecer uma qualidade de Vida Ressuscitada a cada membro da comunidade educativa. Transformar seus alunos e familiares em discípulos de Jesus, a serviço dos mais pobres, com seus dons e talentos humanos, profissionais e científicos, para cuidar, perdoar, respeitar, acolher, integrar, desenvolver, discernir, compartilhar e amar a Deus e ao próximo: SER MAIS COM OS DEMAIS.

Como cada um de nós vai experimentando e se dando conta da vivência da Vida Nova no nosso dia a dia?

Por Pe. José Carlos Ferreira